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Criador da terapia comunitária ministra aula para acadêmicos em Balneário Camboriú



Temas como depressão e solidão nunca estiveram tão em alta. A série da Netflix ‘13 Reasons Why’, que aborda o tema em seu grau máximo gerou uma discussão no país e chamou atenção sobre a importância de se falar sobre essa realidade. O doutor em Antropologia e Psiquiatria, Adalberto Barreto, que ministrou uma aula especial aos alunos do curso de pós-graduação de Terapia Sistêmica da Faculdade Avantis na última sexta-feira, 19, é o criador da Terapia Comunitária, que existe há 37 anos e defende a conversa entre a comunidade e a busca entre a sabedoria popular e os conhecimentos científicos para resolver problemas.

A prática terapêutica 100% brasileira foi criada pelo professor Adalberto, que na época dava aula no curso de Medicina na Universidade do Ceará e, percebendo o alto índice de procura por ajuda psicológica fez o movimento inverso e foi até os pacientes, na favela. “Além dos problemas sociais, muitas pessoas possuíam problemas psicológicos. Então eu e meus alunos começamos a atendê-las. Com o tempo essa procura aumentou muito e foi aí que eu decidi ir até eles”, relembra.

Na primeira reunião havia 30 pessoas – todas procurando por remédio. Porém, o professor viu que a maioria delas não possuía nenhuma doença psicológica, e sim estavam sofrendo pelos mais diversos motivos, até por não ter com quem conversar. Aí veio a ideia de juntar todas essas pessoas e começar a fazer rodas de conversa. “Havia descendentes de africanos, que possuíam raízes culturais desse povo, além de indígenas, e muitas outras nacionalidades e descendências. Vi que ali tinha chance de se curar todas essas dores, já que eu não tinha condições de atender a todos particularmente”, ressalta. Havia relatos de quem tinha insônia, por exemplo, e Adalberto questionava quem dos participantes já havia sofrido com isso. “Havia quem dava dica de tomar determinado chá, ou então de rezar antes de dormir, ler um livro, relaxar de alguma forma. Eles mesmos iam se ajudando. A terapia dá tão certo que, normalmente, das 30 pessoas que nos procuram por grupo – em média – somente umas três ou quatro realmente precisavam de tratamentos com psicotrópicos”, diz.

Com o tempo, esse método de Adalberto foi ficando famoso e então surgiu a necessidade de formar outros terapeutas comunitários. Hoje, já são mais de 30 mil – no Brasil e em diversos outros países, como Chile, Equador e França. Em 2004 foi criada a Associação Brasileira de Terapia Comunitária (Abratecom), que coordena os mais de 40 polos formadores. São neles que são formados os novos terapeutas e onde acontecem as terapias comunitárias. Em Santa Catarina há unidades em Florianópolis e em Blumenau.

O professor defende o quanto é preciso falar sobre essas doenças da alma, e apoia a divulgação delas através da mídia, lembrando do sucesso da Netflix. “Ainda há pessoas que acham que é errado falar, mas cada vez vemos o quanto essa visão é errada. A Terapia Comunitária pode ser aplicada em qualquer meio, em todos haverá alguma carência. Por exemplo, enquanto em uma favela haverá a carência social, como a fome, falta de emprego, e outros, que acaba gerando sofrimentos diversos, na França, com pessoas de poder aquisitivo maior, haverá a carência social. Eles sentem falta de conversar, de alguém com quem desabafar”, salienta.

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