Ácido retinóico: poderoso anti-idade também trata acne, mas deve ser usado com orientação
Eficaz no tratamento e cicatriz de acne, rugas e manchas, o ácido retinoico pode causar irritabilidade, hipersensibilidade e até queimadura. Dermatologista alerta para os riscos do uso inadequado do produto, sem a devida orientação dermatológica
Problemas estéticos como acne, cicatriz, manchas e rugas podem ser resolvidos com um poderoso ácido: o retinoico. Também chamado de Vitamina A ácida ou tretinoína, o ingrediente tem a finalidade de melhorar o turn over celular, fazendo com que as células rejuvenesçam, mais oxigenadas e melhor nutridas à superfície da pele, segundo a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da American Academy of Dermatology (AAD). "É o ácido de primeira escolha realmente quando a pele está envelhecida cronologicamente ou fotoenvelhecida, justamente porque é considerado padrão ouro no rejuvenescimento domiciliar. Ele é estimulador de neocolagênese e estimula colágeno do tipo 1 e do tipo 3", explica. Mas a médica faz um alerta: "Nenhum retinoide deve ser usado sem que haja a prescrição de um dermatologista!"
Onde e como usar — O ácido retinoico pode ser usado em concentrações que variam de 0,025 até 0,1% em casa e em cabine na forma de peelings seriados que podem ser usados em concentrações que variam de 1 até 5%. A dermatologista explica que os retinoides devem ser usados no rosto, no dorso das mãos e na região do colo (porém normalmente não mais do que uma vez por semana e em formulações extremamente ricas em hidratantes). "Quanto à quantidade do produto: um grão de ervilha numa camada sempre fina, ou seja, assim que acabo de passar, olho para o espelho e digo ‘não vejo nada’: essa é a camada ideal", ilustra.
Cuidados — "O melhor é começar com a aplicação de duas a três vezes por semana, intercalados com nutritivos adequados àquela pele", destaca. A especialista exemplifica: uma pele mais oleosa vai necessitar de nutritivos mais leves ou serosos ou mesmo um creme com textura mais seca e menos gordurosa; já pacientes com pele seca, ou mulheres na menopausa, ou ainda que estejam usando o retinoide num período pós-procedimento (como um laser, por exemplo), é necessário ter produtos que filmem a pele formando uma barreira de lipídeos e água para poder repor aquilo que o ácido na noite anterior causou, como irritabilidade e hipersensibilidade. "Esse creme, então, traz os micronutrientes de reparo para uma ação antioxidante, mas ele também traz o conforto, a hidratação, o lipídeo que é a gordura natural de proteção e formação da membrana hidrolipídica, que reveste a nossa epiderme", acrescenta. "A Vitamina A é um ácido que pode ser utilizado em conjunto com outros ácidos como o ácido hialurônico, mas não deve ser usado com o glicólico ou com o mandélico; e sempre num padrão com ativos que melhorem a irritabilidade, porque se a concentração do produto for muito elevada ou o paciente abusar da quantidade, ele pode causar uma dermatite irritativa de contato, além de ser fotossensível à luz do sol."
Riscos — Segundo a dermatologista, a vitamina A ácida pode provocar desde uma irritabilidade, vermelhidão, coceira e hipersensibilidade até uma queimadura, quando mal utilizada: em concentração acima do que a pele pode suportar, ou sendo usada de maneira inadequada, sem orientação médica. "Os retinoides, normalmente, são prescritos durante o inverno; nunca prescrevemos retinoides de uma maneira contínua porque a pele vai ficando mais fina, mais avermelhada, com aspecto muito mais delicado e isso faz com que ela tenha uma maior sensibilidade aos agressores ambientais — o que significa: mormaço, calor, luz visível e especialmente o sol", destaca. Seu uso é obrigatoriamente noturno.
Erros comuns — A Dra. Claudia Marçal argumenta que um dos maiores pecados com relação ao ácido retinoico é querer resolver problemas como rugas, manchas, cicatrizes de acne, ou a própria acne, usando o produto inadequadamente, aplicando o ácido em excesso sobre a pele ou usando de maneira contínua ou até mesmo diária. "É muito importante seguir a prescrição do médico com os intervalos obrigatoriamente respeitados e, além disso, e mais importante, é que na manhã seguinte, a fotoproteção é indispensável", destaca. Ela lembra que o filtro solar de preferência deve ter cor para que haja proteção extra contra luz visível. "Ele deve ser aplicado de manhã e reaplicado depois do almoço."
O que usar conjuntamente — O ácido retinoico pode ser comprado na forma industrializada ou manipulada, de acordo com a indicação do especialista. "Pode ser utilizado com ativos clareadores como a Hidroquinona, Ácido Kójico, Alpha Arbutin, e com uma série de outros antioxidantes como OTZ 10, Alistin, Hyaxel; enfim, a formulação pode ser rica e depende, na verdade, do que estamos buscando: o tratamento de uma pele envelhecida naturalmente, uma pele fotoenvelhecida e com manchas, e até mesmo em um tratamento da acne com microcomedões inflamatórios, nos quais ele tem um papel fundamental na sua ruptura e no processo de higienização da pele. É um produto que também é utilizado na acne em pacientes jovens, só que em veículos mais leves, em concentrações diferenciadas, associados a produtos como a Nicotinamida", sugere. No dia seguinte, ao amanhecer, a pele deve ser higienizada, tonificada e hidratada com uso de ativos que reforcem a função de barreira da pele e antioxidantes. "Logo após, usar protetor solar FPS 30, 50 ou 60 dependendo do fototipo, da estação do ano e do tipo de atividade que o paciente exerce. Recomendamos também evitar exposição excessiva ao sol", finaliza.
Fonte: Dra. Claudia Marçal
Dermatologista da Clínica de Dermatologia Espaço Cariz, com especialização pela Associação Médica Brasileira (AMB), membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e membro da American Academy of Dermatology (AAD), CME (Continuing Medical Education) na Harvard Medical School.
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