Crise do mercado imobiliário chinês: como isso impacta o Brasil?
Karen Sturzenegger (*)
Divulgação
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Nas últimas semanas, os noticiários brasileiros têm trazido informações sobre a crise imobiliária na China. Isso se deve, em grande parte, devido à bolha imobiliária que foi formada no país. O grande objetivo do gigante asiático é fazer com que essa bolha seja desinchada sem perfurá-la. Vale lembrar que 90% dos chineses possuem moradia própria e isso ocorre até mesmo por uma questão cultural.
A China possui o dobro de homens do que mulheres em seu território e ter um imóvel próprio é demonstrar ser um bom pretendente para um possível casamento. Ademais, na cultura chinesa, é comum que os pais morem com seus filhos quando idosos, logo, ter uma casa própria é poder abarcar toda a família de forma mais segura. Realmente, o mercado chinês é atípico.
Esse cenário permitiu que empresas como a Evergrande, segunda maior empresa imobiliária da China, vendessem e financiassem milhares de imóveis. Mas, devido à pandemia e uma regra imposta por Pequim em 2020 às maiores incorporadoras imobiliárias, obriga que, situem seus níveis de dívidas abaixo de certas métricas em relação à liquidez, ativos ou dívidas das empresas, coincidindo com o aperto regulatório imposto.
Com isso, empresas, como Evergrande, se viram mergulhadas em dívidas homéricas e beirando à falência. Para se ter uma ideia, a empresa está com uma dívida que gira em torno de US$ 300 bilhões (R$ 1,6 bilhão). Ou seja, não é pouca coisa.
O governo chinês tem dado sinais que não ajudará a empreiteira, deixando-a falir, se esta não encontrar soluções para pagar seus credores. Sem embargo, especialistas na área acreditam que o estado chinês nacionalizará as mais de 1,5 milhão das casas da Evergrande para evitar que as famílias sofram prejuízos, caso a empreiteira entre em colapso.
Segundo matéria veiculada no jornal Metrópoles, Talita Laurino afirma que, “no caso da China, o endividamento da Evergrande é, em parte, culpa do próprio governo, que se vê em uma encruzilhada com o mercado imobiliário há anos. O acesso fácil aos empréstimos contribuiu para elevar artificialmente o preço dos imóveis e abriu espaço para especulação”.
Mas afinal de contas, o que isso tem a ver com o Brasil? O fato é que o nosso país fornece uma parte relevante de um item extremamente necessário para erguer os imóveis chineses: o minério de ferro. Desde a crise com a Evergrande, já ocorreu uma diminuição de 35% na compra de minério de ferro brasileiro. Conforme Fábio Pizzamiglio, diretor da consultoria de comércio internacional Efficienza, “essa diminuição reduz a produção nacional, o que impacta no preço dos imóveis. Ou seja, o que já estava alto deve subir ainda mais”. Algo importantíssimo a ser lembrado é que 34% de todo volume de exportação do Brasil é chinês, sendo 17% somente de minério de ferro.
Em contrapartida, outros especialistas mais otimistas dizem que, com a sobra de minério no país, isso poderá trazer fôlego para as construtoras nacionais, que sofrem com o aumento dos insumos semanalmente. Isso poderá baratear as construções e por consequente, as vendas de imóveis no Brasil.
*Karen Sturzenegger é coordenadora do curso Superior de Tecnologia em Negócios Imobiliários da Uninter.
A China possui o dobro de homens do que mulheres em seu território e ter um imóvel próprio é demonstrar ser um bom pretendente para um possível casamento. Ademais, na cultura chinesa, é comum que os pais morem com seus filhos quando idosos, logo, ter uma casa própria é poder abarcar toda a família de forma mais segura. Realmente, o mercado chinês é atípico.
Esse cenário permitiu que empresas como a Evergrande, segunda maior empresa imobiliária da China, vendessem e financiassem milhares de imóveis. Mas, devido à pandemia e uma regra imposta por Pequim em 2020 às maiores incorporadoras imobiliárias, obriga que, situem seus níveis de dívidas abaixo de certas métricas em relação à liquidez, ativos ou dívidas das empresas, coincidindo com o aperto regulatório imposto.
Com isso, empresas, como Evergrande, se viram mergulhadas em dívidas homéricas e beirando à falência. Para se ter uma ideia, a empresa está com uma dívida que gira em torno de US$ 300 bilhões (R$ 1,6 bilhão). Ou seja, não é pouca coisa.
O governo chinês tem dado sinais que não ajudará a empreiteira, deixando-a falir, se esta não encontrar soluções para pagar seus credores. Sem embargo, especialistas na área acreditam que o estado chinês nacionalizará as mais de 1,5 milhão das casas da Evergrande para evitar que as famílias sofram prejuízos, caso a empreiteira entre em colapso.
Segundo matéria veiculada no jornal Metrópoles, Talita Laurino afirma que, “no caso da China, o endividamento da Evergrande é, em parte, culpa do próprio governo, que se vê em uma encruzilhada com o mercado imobiliário há anos. O acesso fácil aos empréstimos contribuiu para elevar artificialmente o preço dos imóveis e abriu espaço para especulação”.
Mas afinal de contas, o que isso tem a ver com o Brasil? O fato é que o nosso país fornece uma parte relevante de um item extremamente necessário para erguer os imóveis chineses: o minério de ferro. Desde a crise com a Evergrande, já ocorreu uma diminuição de 35% na compra de minério de ferro brasileiro. Conforme Fábio Pizzamiglio, diretor da consultoria de comércio internacional Efficienza, “essa diminuição reduz a produção nacional, o que impacta no preço dos imóveis. Ou seja, o que já estava alto deve subir ainda mais”. Algo importantíssimo a ser lembrado é que 34% de todo volume de exportação do Brasil é chinês, sendo 17% somente de minério de ferro.
Em contrapartida, outros especialistas mais otimistas dizem que, com a sobra de minério no país, isso poderá trazer fôlego para as construtoras nacionais, que sofrem com o aumento dos insumos semanalmente. Isso poderá baratear as construções e por consequente, as vendas de imóveis no Brasil.
*Karen Sturzenegger é coordenadora do curso Superior de Tecnologia em Negócios Imobiliários da Uninter.
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